REALMENTE ASSUSTADOR!
Jovens obrigados a emigrar.
Filas intermináveis de pessoas à espera de receber comida e roupa. Famílias sem
dinheiro para pagar a luz. Idosos abandonados em camas “até ao último dos seus
dias”. São retratos de um país que vive há três anos debaixo da austeridade da
Troika, reunidos no mesmo Projeto. Oito fotojornalistas e um realizador
juntaram-se com o intuito de deixar o testemunho…
Querem captar através das lentes
das suas câmaras o que restou de Portugal depois de tão grandes transformações.
Que a história se mantenha onde a memória não tem tempo.
Não o fazem a favor ou contra
ninguém. Trata-se apenas de retratar as consequências, o impacto e os
resultados deste programa de assistência financeira internacional pedido pelo
governo português em 2011.
O Projeto Troika teve início há
mais de um ano e pretende ficar registado através de uma plataforma online, de
ensaios fotográficos e de um filme. É “o legado que queremos deixar”, afirmam
os autores do projeto.
Foi com Adriano Miranda, fotojornalista do diário “Público”, que a ideia surgiu. Miranda é o autor da
série fotográfica “Os Despidos”.
“Olho
para trás e tenho saudades, olho para a frente e não sei para onde me
querem levar. Sinto-o na pele. Já quase nada resta para tirar. Estamos,
cada um de nós, à sua maneira, a ficar despidos. Despidos de rendimento,
despidos de trabalho. Despidos de dignidade e de direitos. Despidos de
afectos, de liberdade e de alegria. Despidos de saúde, de cultura, de
educação. Despidos até de revolta com as ruas vazias.” Lara Jacinto optou por
centrar-se na questão da emigração.
“Esta viagem é uma separação, uma rotura que obriga a uma mudança de rota. A
família fica para trás, filhos que não se veem crescer, casamentos que não se
fazem, ou acontecem à pressa, projetos abandonados, expectativas desfeitas.”
Paulo Pimenta expõe os “efeitos da política da Troika na sociedade”.
Paulo Pimenta expõe os “efeitos da política da Troika na sociedade”.
Rodrigo Cabrita mostra o lado de
muitos idosos, em situações de extrema vulnerabilidade. “Francelina está
acamada, sem mobilidade, e Francisco, seu marido, precisa do apoio das equipas
da Cruz Vermelha. A ida para um lar está fora de questão pois o dinheiro das
reformas não chega. Nem para o lar, nem para tudo o resto.”
José Carlos
Carvalho aborda a tristeza. “Os Portugueses estão tristes,
parados, enfim cada vez mais resignados.”
Vasco Célio reflete “sobre os
limites de Portugal, onde chegamos a um ponto onde a saída parece impossível e
o retorno sem sentido.” Enquanto, António Pedrosa retrata os mais jovens, os
que não têm trabalho e que vão fazendo o que podem para sobreviver. E Bruno
Castanheira mostra “as centenas de pessoas carenciadas [que] aguardam a entrega
de alimentos e roupas” em Lisboa.
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