Sebastião da Gama nasceu na Vila
Nogueira de Azeitão, em 10 de Abril de 1924.
Aí fez a escola primária e
depois repartido por Lisboa e Setúbal fez o Liceu.
Aos catorze anos, é-lhe
diagnosticada uma grave doença: tuberculose óssea.
Devido a esta doença, a família,
por aconselhamento médico, muda-se para o Portinho da Arrábida.
E é ali, na Arrábida, naquele
verdadeiro templo da natureza, todo ele impregnado da memória poética, mística,
de Frei Agostinho da Cruz que ali professou por volta do ano de 1560 e ali
viveu em isolamento por mais de 60 anos.
Figura excelsa a de Frei Agostinho
da Cruz, quase divina que foi, verdadeiramente, o S. Francisco português e
também o nosso primeiro ecologista: até as pedras amava!
Vejam só este pequenino verso
dele:
Antes que desta praia hoje me abale,
A fera amansarei, o duro seixo
Ousarei abrandar, farei que fale!
É ali, na Serra da Arrábida,
naquele reino do silêncio e da contemplação que o jovem Sebastião da Gama vai
despertar para a poesia e se vai converter devotamente ao catolicismo até ao
fim da vida.
Amava aquilo … e muito cedo
começou a cantar aquelas gentes e aqueles caminhos como se pode ver no primeiro
livro que publicou: “Serra Mãe”.
Feito o Liceu, Sebastião da
Gama, então com dezoito anos, matricula-se na Faculdade de Letras, de Lisboa.
Em 1947, com vinte e três anos, licencia-se em Filologia Românica. E sai
o seu segundo livro: “Cabo da Boa Esperança”.
Acabado o curso, é colocado como
professor em Setúbal onde começa a escrever o seu “Diário” obra, ainda hoje, de
leitura obrigatória para quem quer ser professor, onde nos diz: “para ser
professor, também é preciso ter as mãos purificadas. A toda a hora temos de tocar
em flores”.
No ano escolar seguinte é
colocado como professor em Estremoz. Publica o seu terceiro livro: “Campo
aberto”. E casa-se com aquela que é sua apaixonada desde a adolescência como
muito bem pudemos ver nas mais de cem cartas que estão publicadas.
Parece que tudo está a correr
bem, no entanto, sete meses após o casamento, no dia 7 de Fevereiro de 1952,
vitima da doença que desde os 14 anos o perseguia, morre o autor de: “PELO
SONHO É QUE VAMOS”. Tinha vinte e oito anos.
José Silva
Pelo sonho é que vamos
Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
comovidos e mudos.
Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia a dia.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia a dia.
Chegamos? Não chegamos?
- Partimos. Vamos. Somos.
- Partimos. Vamos. Somos.
(Sebastião da Gama)
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